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13 de jan. de 2017

Eleição na CGADB é marcada por suspeita de fraudes em inscrições

Auditoria levanta dúvidas sobre a idoneidade do processo de inscrições de pastores








Pastores das Assembleias de Deus de todo o país estão entrando na justiça para impugnar seus registros de inscrição para a eleição da nova diretoria da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).

Segundo o relatório de uma auditoria, que o Gospel Prime teve acesso com exclusividade, foram constatadas diversas irregularidades, uma delas a de que muitas inscrições foram realizadas sem o conhecimento dos pastores membros da entidade.

Muitos nomes inscritos não constam no cadastro de associados da convenção, outros são de pessoas falecidas e outros ainda não estavam em dia com as anuidades, o que impede que os mesmos sejam inscritos, de acordo com o estatuto da própria denominação.

O relatório (veja na íntegra aqui), elaborado pelos auditores Oseias Gomes de Oliveira e Kléber Almeida da Silva, revelou que diversas irregularidades foram encontradas com a análise dos dados das inscrições, apontando dados inconsistentes de inscrição, como fornecimento de e-mails e telefones inválidos.

No total, já se somam 11 representações que descrevem, por meio de planilhas de conciliação de dados e documentação baseada nas auditorias as inconsistências encontradas. Segundo as informações constantes no relatório de auditoria, 793 e-mails foram verificados como inválidos, e muitos desses caracterizariam cadastro em série, pois todos têm a mesma formatação.

Também entre os números de telefones informados, 901 foram contabilizados como ausentes ou com dígitos faltantes. O relatório conclui que “é possível verificar que em alguns casos, a digitação do número de telefone é inválida, e foram criados de forma sequencial (…) demostrando claramente fundadas suspeitas de fraude e inserção falsa de informações no sistema eleitoral”.

O pastor Gesiel Oliveira, da Assembleia de Deus Zona Norte de Macapá (AP), que abriu uma representação a respeito das irregularidades encontradas no processo de inscrição, cita ainda que uma das evidências de irregularidades é o súbito aumento de inscrições no último dia válido para a inserção de nomes.

Segundo ele, de 18 mil inscritos a lista passou para 30,6 mil inscritos em cerca de uma hora.

“Em menos de uma hora, houve mais de 12,6 mil inscrições. Das 54 convenções cadastradas, apenas a Confradesp inscreveu 30,84% do total de inscritos. Isso não seria problema, se o espelho de detalhamento de inscritos não fosse negado pela comissão eleitoral. Esse fato acendeu a luz amarela, deixou clara a forma nebulosa como vem sendo conduzido esse pleito”, conclui Oliveira, acrescentando que são diversas situações que ameaçam a lisura do processo, chegando a dizer que a CGADB teria se tornado um “antro de ilegalidades”.

Entre os pastores que entraram com ação junto à comissão eleitoral estão o primeiro tesoureiro da CGADB e presidente da Convenção Fraternal dos Ministros das Assembleias de Deus do Espírito Santo (Confrateres-ES) Ivan Bastos, o presidente da Convenção Estadual da Assembléia de Deus no Amazonas (Ceadam-AM) Jonatas Câmara, o presidente da Convenção de Ministros das Assembleias de Deus do Estado do RJ (Comaderj–RJ) Jonas de Paula, o presidente da Convenção Estadual da Assembleia de Deus no Estado de Roraima (Cedader) Isamar Ramalho, e os pastores Claudio Dias, Campelo Figueiredo, Gesiel Oliveira, Joed Caldas, Sadi Caldas, Enaldo Ferreira Brito e Rodivaldo Brito do Espírito Santo.

É a primeira vez na história da CGADB que um processo de auditoria é instaurado no período eleitoral. Ele foi determinado depois que indícios de fraude foram encontrados na última eleição, que culminou na continuidade do pastor José Wellington Bezerra da Costa como presidente, determinando seu 6º mandato à frente da denominação. Na época, diversas ações e litígios foram impetrados, mas um acordo anulou os processos, restando, no entanto, a promessa do fim da chapa única.

A eleição da nova mesa diretora está marcada para 9 de abril de 2017. O pleito é motivo de muita expectativa entre os integrantes da denominação, já que após 25 anos, o pastor José Wellington Bezerra da Costa não estará mais concorrendo. A disputa seria entre seu filho, José Wellington Junior e Samuel Câmara, que tenta a eleição pela 4º vez.

Uma das novidades do atual processo eleitoral foi a decisão de que todos os interessados poderiam concorrer livremente, sepultando o sistema de chapa única “de consenso”, o que para muitos representou uma vitória da democracia.

Também foi instituída a possibilidade de voto eletrônico. Os ministros que estiverem em dia com suas obrigações com a entidade podem votar pela internet de qualquer lugar do mundo. Isso solucionaria o problema de falta de lugares próprios para a realização da votação presencial. No último pleito foram mais de 16 mil votantes para a escolha da direção da entidade.

A Assembleia de Deus, fundada há 105 anos no Brasil, é a confissão evangélica com maior número de fiéis no país, com cerca de 12,3 milhões de membros, de acordo com último censo do IBGE.


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